sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Por um momento vi, mas não toquei.


Sabe esses textos que mesmo tão distante de quem nós nos tornamos nos lembram exatamente como nós éramos? Estou meio perturbado, ainda. Não é exatamente uma perturbação extravagante, não é exatamente um silêncio; é mais como um uníssono sem cor. 

Gostava muito de falar de cores, a propósito. Costuma escrever sobre elas – eram os meus textos mais sentidos -, eram todos coloridos. Agora, escrever tem se tornado um bicho estranho, daqueles que quase se tem medo. Só quase. Medo eu tenho de viver o que eu escolhi viver, de escolher viver aquilo que eu não quero - sem saber. Eu tenho medo das mudanças; de amigos, de escola, de cidade, de casa... Das casas.
Eu tenho medo dos acentos, das crases, dos travessões. Eu tenho medo das reticências, medo dos pontos. Finais. Eu tenho medo.

E reviver esses medos assim... com reticências é demais pra mim. Pra suportar, é pesado demais quando você olha pro espelho e não se reconhece; é insuportável ver-se em preto e branco. Na ausência das cores. Eu vivo – se vivo – na ausência.
Eu vivo a ausência. – Das cores, das casas, dos corações. –

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Dá sim.

Dá pra se redescobrir? Porque parece, ao observar o que talvez meus olhos não pudessem ver, que não me perco: tampouco me encontro. Só sou. Sem a ilusão de se estar perdido, ou encontrado, ou fragmentado. Sou-me por ser-me todo perdido-encontrado não sendo. Eu não sou o fragmento, eu sou a incerteza do que é certo. Sou a dúvida, a incompreensão, o disperso. O que se tem, mas não se pode tocar. Sou a minha alma fugindo da escuridão – que só a minha luz conhece. Sou minha luta dentro de mim. Sou a minha dor escondida atrás do meu sorriso sem cor. Eu sou o preto e branco do arco-íris.