quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Assim, quase sem cor.

Escrever diante a escuridão tornou-se tão difícil.
Porque quando você é o escuro não é necessário enxergá-lo com luminares; se é. Não sou mais, estou livre e cego. Feito apenas de cores mortas - quero cores vivas. Pois sempre me completei com a visão empalidecida, mas agora sinto falta... Das cores? Dos sentimentos. Pois não sou mais o ponto de interrogação; sou a certeza. Certeza de quê? Cores, apenas.

Gostaria de anunciar que às encontrei - as cores - não é tão fácil. Pois há quem viva de palavras vazias, bebem o que é seco – morrem sem saber. Eu quero esperança, quero a esperança que me alimente e que me dê forças para procurá-las e aceitá-las. Quero pulsar o inanimado, envenenar-me com cores mórbidas e ter o prazer de me curar sem remédios. Quero a grandeza do simplório, quero as rosas. Quero os cheiros e as vozes. Quero a beleza das estrelas e a imensidão do Universo.  Quero o veneno que me mate e que me cure, que me mate. Quero o deleite. Não quero o tépido nem fragmentos, quero o escaldante e o todo. Quero o cerne. Quero-os um a um. 

Procurar. Esperar. Procurar.

Espero pelo momento em que você me traga cores. Então, me venha logo; o quero quente. Quero sentir seu gosto cálido, o quero com cor. Quero todas as cores. Mas não aceito o falso-amor, pois apesar de parecer cor viva esta é a mais morta-cor que existe. Então me venha, e eu te vou. Prometo.

Epifania.
Acordei e vi - por um milésimo de segundo vi que as cores estão aqui fazendo parte de todas as dimensões. 

Descobri que às vezes sou auto-suficiente. Alimentar-me-ei de mim mesmo. Eu não sou bom, meu gosto é amargo – que o doce enfarte-me. Mas sou apenas eu, sem doce. Como-me e logo me regenero para que possa me comer outra vez. Ciclo horrendo do ser - se existo, sou. Torno-me a escória que nunca morre – morro sim, mas estou vivo. Logo não há nada a se fazer, só tenho a mim. Eu e mim, juntos somos só. Então peço desculpa - desculpa pelos danos que me causei. Só eu sei das feridas ao qual me condenei. Eu me permiti causar. Estou sem cores e sinto falta. 
  
Logo eu que jurava que estalactites fossem feitas de gelo.

Intrinsecamente. Estou vazio, sinto falta e fome de cor-viva. Espero... Ainda estou esperando. Cansei, vou sair e ver as estrelas. Voltei. Elas são imprescindíveis, tem sua cor própria. Tão pacatas e cheias de si. Quando crescer serei uma estrela. Permita-me?

Eu deveria mudar, queria poder. Infelizmente aprendi que a mudança não é opcional e o que tem que morrer, morre com o tempo - às vezes morrem por motivos que matam a gente também. Como eu queria poder. Esqueci de que é feito minha utopia, quero voltar a acreditar - não é tão fácil sem as cores. Elas estão aqui, mas não consigo captá-las. Alimentar-me de mim mesmo é incerto, sou inconstante, às vezes não me dou. Então venha e me dê uma cor, qualquer que seja, continuo com fome. 

Sim, nós descobriremos o que há de ser descoberto. Mostrarei a imensidão do universo, apresentar-te-ei minhas amigas estrelas, só venha comigo. Andaremos sobre o arco-íris e provaremos a lua. Venha a mim e eu te irei. Me dê sua mão, sim? Eu lhe prometo tudo, só me dê mais cores. Cores vivas, cores do amor - a cor da felicidade está mais vibrante. Regozijais-vos. 

Essa tênue lembrança permitiu-me suave alegria - brilhei por um segundo, é frágil e escassa; está sumindo, felicidade efêmera agora encoberta pela escuridão. Escuridão maligna que me causa mais dor – dor peculiar do falta-cor. Então venha e me ajude, eu preciso de você.  

Mas não se perca nessas míseras palavras, não sou o só envolto à escuridão. Sou uma cor - ao menos costumava ser. Refulgia. Meu brilho era ofuscante, embora frívolo. Porém veio alguém com coragem e crueldade, com audácia me tocou, tocou-me e soprou meu brilho.

Acreditamos ser inatingíveis antes que alguém nos toque.

Então venha e acenda-me. Iluminarei você, deixarei que sugue minha infinita energia, fortifique-se com minha essência – sinta. Permita-me mostrar meu brilho mais uma vez. Quero meu clímax.
Espero-te.

Um comentário:

  1. Textos de pensamento são tão melhores que histórias.
    Os seus, principalmente.

    (Não que textos de história não sejam de certa forma, pensamentos... Porque sempre são, claro. Mas gosto quando alguém consegue descrever o que pensa de um jeito tão bom de se ler. (Se bem que eu acho que você pensa algo muito mais inexplicável que isso... Se você pudesse escrever, seria algo como um best seller.))

    Odeio não conseguir pensar pequeno e nem me explicar direito. /\

    (Ah, peço "encarecidamente" que adicione um 'e para a felicidade de uma', na frase abaixo do título do blog.)

    Peço também que mantenha o blog.

    ResponderExcluir