domingo, 5 de junho de 2011

Clichê.

E a gente vai sempre lembrar. E relembrar. Às vezes a gente vai querer esquecer só pra lembrar de novo. Quando lembrar-mo-nos, lágrimas vão dançar por nossos rostos. Então a gente vai parar, a gente vai começar a andar - seguiremos em frente. Ficaremos mais distantes, dispersar-nos-emos. E aquela, e aquela parte minha que há em você e aquela sua que vive em mim, perdê-la-emos? E aí a gente vai deixar de ser a gente pra ser alguém que o mundo nos fez. É aí, nesse ponto, que eu já nem saberei mais quem eu sou e serei só mais um, como todos. A gente vai perder muitos sonhos, e vai ganhar outros que julgaremos ‘melhores’ e no fim, nunca saberemos. Porque nunca tivemos e nunca fomos o que seríamos nós. E mais lágrimas rolarão, e mais sentimentos serão esquecidos. Chamaremos nossos domingos vazios de nostálgicos e, em certas ocasiões o odiaremos por tanta falta sobrando. E o tempo vai passar, ainda mais, e nós já não derramaremos lágrimas. Mas eu sei, ainda vai faltar, ainda que a alma não chore, ainda vai faltar o que eu deixei com você e o que você deixou comigo que se perdeu em nós - que também se perdeu. E às vezes eu pensarei “Venha, venha que eu ainda te espero. Eu ainda ando por aí procurando por você, e eu, antes de dormir, ainda olho a rua vazia esperando por sua alma bailarina vir me visitar.” É quando eu imaginarei você com seu marido sem rosto, e imaginarei você sorridente com seus filhos, dançando e brincando como quando éramos apenas nós. Dois. E eu rirei, meus olhos lagrimejaram, eu sorrirei por você estar feliz dentro de mim. E talvez eu vá a conhecer alguém, e alguém talvez venha a me conhecer. E talvez eu saiba, e talvez eu redescubra um rascunho de felicidade. Talvez eu possa ver um começo de felicidade, enquanto penso que, jamais serei felicidade completa. Jamais serei o ápice que era quando era com você. Então eu olharei para você quando, ao fim de um dia exaustivo, olhar para o céu estrelado. Verei-te com seus filhos, sorrindo para mim com tal olhar consolador que só você seria capaz de dar-me. Sorrirei de novo e dormirei. Acordarei em minha cama, vazio de vivacidade a espera do escuro vazio do desconhecido, eu esperarei pela morte. Esperarei pela morte vendo você rir e sorrir para mim, e quando a morte finalmente chegar, eu sei, finalmente eu serei completo com você, finalmente eu deixarei você ir. Deixarei que a última lágrima caia.

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